3 de março de 2012

Entre mototaxistas e passageiros de ônibus

Bope laça bombas de gás e mototaxistas desfazem barreira que interditava avenida |
Foto: Reprodução - TV Pajuçara |

A capital de Alagoas tem vivenciado dias conturbados no início deste ano. Antes do carnaval, a pauta mais recorrente dos jornalistas era o indicativo de greve lançado por policiais militares e civis, inconformados com questões salariais e até mesmo de estrutura nas delegacias. Felizmente, o diálogo com o governo do Estado evoluiu e a greve foi descartada.

E aí veio o carnaval. Muita gente caiu na folia, outras nem tanto, e, apesar de registros de violência durante a grande festa, parecia que as cidades alagoanas iriam retomar o cotidiano costumeiro, que, diga-se de passagem, já é repleto de questões a serem solucionadas.

No entanto, enquanto muita gente ainda saboreava o último gole dos dias de folia carnavalesca, uma liminar inesperada surpreende a todos e autoriza o aumento da passagem de ônibus. Transporte este que mesmo sem a tal elevação na tarifa já era alvo de muita reclamação por parte dos passageiros que se espremem diariamente dentro destes veículos. E, com isso, vieram os protestos, tanto na internet quanto nas ruas. Situação, aliás, que não parece ser levada em consideração pelas empresas, que, por sua vez, buscam um aumento ainda maior na tarifa.

Há quem alegue que os passageiros de ônibus estejam a fazer tempestade em copo d'água. E para legitimar tal afirmação justificam que outras tarifas também aumentaram, como nas contas de água e energia. Portanto, questionam eles, se não reclamam destes reajustes por que reclamar daquele? Diante disso, eis uma interrogação: a ausência de reivindicação a determinada questão social implica dizer que é injustificável questionar outras? Penso que não. E quem necessita de ônibus para ir ao trabalho ou ir à escola ou universidade compreende isso muito bem.

Mas os protestos não se limitam apenas a usuários de ônibus. Maceió também vivencia a luta dos mototaxistas, vistos como alternativa por passageiros cansados do aperto e dos atrasos de ônibus e como uma ameaça a ordem pública por autoridades municipais e estaduais (ao que se pode constatar com os fatos ocorridos nos últimos dias).

A categoria alega que os protestos começaram após a apreensão de trinta motos, realizada pela SMTT. Isso porque o órgão municipal identifica o transporte de passageiros em mototáxis como uma atividade irregular (embora em outras cidades, como Caruaru, em Pernambuco, a profissão já seja regulamentada).

A propósito, entre interdições de vias, balas de borracha, cassetetes, bombas de gás, prisões e muito bate-boca, registrados, inclusive, em vídeo, pode-se dizer que a luta  dos mototaxistas tem sido uma verdadeira batalha. E, por sua vez, a categoria reclama que a Polícia Militar, através do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tem agido com violência excessiva diante de homens desarmados que apenas lutam por seus direitos.

E assim, diante de um conflito entre necessidades e interesses (em relação ao trânsito, diga-se de passagem), os maceioenses seguem se articulando (embora não seja em sua totalidade). Aliás, em ambos os casos (coincidentemente ou não), entre documentos e assinaturas, a administração cabe à prefeitura de Maceió (apesar de, no caso dos usuários de ônibus, ter sido uma liminar concedida no Tribunal de Justiça a causa da revolta).

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